terça-feira, 1 de maio de 2012

Amor adolescente: como lidar com ele?

Esse foi um dos temas sugeridos pelos internautas para o lançamento do novo Arca Universal*

 


O tempo passa para todo mundo e, para a maioria das pessoas, chega o momento de viver o primeiro amor. É aquela paixão intensa, aquele amor carinhoso, vontade de fazer tudo sempre com a mesma pessoa. Mas, nos dias atuais, como é viver tudo isso para os adolescentes? E como os pais devem agir diante de um cenário tão desconhecido para eles?
Para a psicóloga Kátia Lopis, o primeiro passo para os pais é entender que a fase da adolescência é diferente nos dias de hoje. “Antigamente, uma menina de 8, 9 anos, brincava de boneca. Mas, nos dias atuais, ela já se interessa por esmalte, roupas, penteados. A visão dos adolescentes é muito mais madura.”
Já o segundo passo é a inevitável conversa. “Os pais devem chamar os filhos para conversar, explicando o que é esse primeiro amor, seus prós e contras, e trazer o adolescente para mais perto, como amigo, para deixá-lo à vontade para perguntar o que quiser. Porém, atenção: tem que ser amigo sem deixar de ser pai, ficando bem claro que não é tudo que o filho trouxer de novo que será aceito”, explica a psicóloga.
Kátia também enfatiza que é importante que os pais estejam atualizados sobre o que está acontecendo no mundo. “A liberdade em relação ao sexo, às drogas. Eles têm que saber qual a informação que o filho possui sobre tudo, onde as buscou e como absorveu cada uma delas.”

Além de serem amigos, observadores, os pais também devem saber participar da vida do filho, para trazê-lo cada vez mais para perto. “Levar e buscar nos lugares, conhecer os amigos e seus pais, enfim, ter a casa sempre aberta para as pessoas que se relacionam socialmente com o filho.”
Mas é claro que um namoro adolescente também precisa respeitar as regras dos pais. “É preciso fazer os filhos entenderem que o estudo está em primeiro lugar, além de colocar limites de horários, sempre trabalhando o ‘combinado’ com eles, ou seja, mostrar que há coisas que são obrigações dos pais, mas outras, do filho, como estudar”, aponta a psicóloga.
Orientar e não proibir
Para ela, é importante que essa permissão limitada não seja sinônimo de proibição. “Não é simplesmente dizer que ele não pode fazer isso ou aquilo, não tem que proibir, mas sim orientar e mostrar os diferenciais.”
Foi isso que aconteceu na casa da administradora de empresa Julia Oliveira, de 33 anos, mãe da adolescente Alanna Oliveira, de 16, que ficou noiva recentemente de um garoto da mesma idade. “Foi uma decisão familiar e, após conhecermos a família do rapaz, conseguimos chegar à conclusão de que podemos sim permitir o noivado”, explica Julia.
Mas ela também deixa claro que lida com muita cautela com os namoros dos filhos. “Peço a Deus sabedoria, pois criamos nossos filhos debaixo dos ensinamentos cristãos e ressaltamos a importância da família e a formação futura dela. Por isso, orientamos muito e procuramos sempre deixar claro que existe tempo para tudo na vida e que as escolhas comprometerão o futuro e devem ser feitas debaixo de muita oração.”
A noiva Alanna expõe que os pais sempre estão por perto. “Meus pais não interferem, apenas orientam o máximo possível, sempre enfatizando que precisamos ter uma formação e condições de manter uma família. Por esse motivo, estamos buscando primeiro a nossa formação acadêmica, para depois constituirmos uma família e termos condições de honrar com os nossos compromissos.”
O sofrimento
 “O namoro na adolescência é algo que não conseguimos premeditar, e essas novas sensações trazem muito amadurecimento, o que pode fazer com que o adolescente passe por essa fase mais rapidamente.” Porém, a psicóloga lembra que o relacionamento pode trazer sofrimento com brigas e rompimentos.
É neste momento que os pais devem participar. “Quando perceber que há um sofrimento, uma tristeza, os pais devem mostrar outro caminho, oferecer alguma coisa para distrair, proporcionar uma mudança de foco. Mas não há como privar da dor”, ressalta Kátia.
E essa amargura acontece porque na adolescência tudo é muito intenso. “Por isso, o sofrimento deles é sim real e muito dolorido. Eles querem viver tudo profundamente, rápido, não querem perder tempo, deixar para amanhã, querem viver o agora.”
A origem da rebeldia
Essa intensidade nos sentimentos pode levar a um sofrimento real e à raiva, porém, o adolescente não sabe como canalizar esse sentimento ruim. “É dessa forma que ele começa a procurar um culpado por tudo o que está passando e isso recai sobre os pais, até porque foram eles que não permitiram ficar mais tempo com o namorado, ou algo assim, o que gerou toda a briga e a separação, por exemplo. Para descontar as consequências, o adolescente fica rebelde, desobedecendo, rompendo o diálogo, para de estudar, entre outras coisas”, ilustra Kátia.  
Um passo ao futuro
Para ela, assumir um compromisso sério precocemente pode acarretar em consequências para a relação com os pais no futuro. “Caso aconteça um rompimento, o filho poderá responsabilizar a mãe ou o pai por seu sofrimento, apontando-os como culpados, por não impedi-la de fazer o que queria, por exemplo. Mas tudo isso depende muito da dinâmica da família, de como os filhos foram criados e orientados.”
Julia ressalta exatamente essa orientação e a vivência familiar ao explicar a atitude da filha. “Sei que eles são novos, mas queriam formalizar um compromisso sério. Creio que ainda vai demorar a acontecer o casamento, pois há muito que aprender, crescer e se desenvolver. Eu me casei cedo também e não me arrependi, crescemos e amadurecemos. Constituímos nossa família com algumas dificuldades, claro, mas nada impossível”, finaliza ela.

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